quinta-feira, 11 de abril de 2019

Uma Igreja para o mundo








Eu tenho dito inúmeras vezes (segundo o sentido da palavra original no grego) que a Igreja é um chamado "para fora",  um movimento sinérgico de membros do corpo para a transformação do mundo. Uma igreja que não produza uma resposta a sociedade ou comunidade onde ela está inserida, não tem a proposta ou visão evangelistica para qual ela foi chamada.
Claro, nem todos aceitarão, nem todos se converterão, nem todos concordarão com a pregação e até mesmo com a proposta de amor gratuito, no entanto mesmo assim o motivo ou a razão de ser de uma igreja; é propor ao mundo uma resposta a suas aflições e questionamentos.
Ninguém que se achegou até Jesus saiu sem uma resposta, embora seja bem verdade que muitos não tenham gostado do que ouviram. Nesse sentido, a igreja é o porta voz de Jesus e seu Evangelho na terra, apta (ou pelo menos deveria estar) a levar sua mensagem.

Basicamente o que eu tenho visto tantas e tantas vezes é uma igreja voltada apenas para si, para seus próprios membros, que não produz uma transformação que visa alcançar nem mesmo seus membros internos, quanto o mais  pessoas fora de suas portas e paredes. Igrejas sem visão do reino que não tem o menor interesse em expandir o alcance do evangelho ao mundo, patinando em seus próprios problemas.

Algumas pessoas infelizmente não compreenderam que o chamado de Deus e que a função da igreja é nos fazer crescer, nos fortalecer em meio aos pecados, aflições, desanimo e tantas tribulações que muitos passam, de nos fortalecermos mutuamente.

“Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos, e sejais longânimos para com todos.” 1 Tess. 5:14

De fato; muito nos preocupa a saúde de alguns irmãos com quem temos afinidades, suas aflições, sua falta de emprego, seus problemas com as drogas, no casamento, suas privações. É licito tais preocupações e cuidados, porém infelizmente existem tantos outros a nossa volta que passam pelos mesmos problemas e nada recebem, nem um abraço ou um "Deus te abençoe". Pode ser um vizinho, um parente, um conhecido distante ou até mesmo um irmão da igreja com o qual não temos muita comunhão, ou de "outra igreja que não seja a nossa". (todas igrejas são nossas se  somos membros de um mesmo corpo)

Estas pessoas estão a nossa volta muitas vezes esperando um abraço, uma palavra, uma oração de consolo no entanto são como que invisíveis aos nossos olhos. Fora de nosso circulo íntimo, não recebem nossa atenção devida.

Meu questionamento é: Isso é realmente o amor de Deus em nós?

Nós, ainda como veículos do amor de Deus, não estamos sendo seletivos quando amamos apenas que são de nosso grupo ou igreja, esquecendo um mundo todo carente e em sofrimentos?


No versículo acima, o apóstolo Paulo nos chama a consolar aqueles que estão desanimados que porventura também possam estar fracos e consequentemente amargurados. Obviamente as caminhadas e lutas tendem a serem mais pesadas quando estamos sozinhos, por isso o apóstolo exorta os irmãos de um modo geral (não apenas o pastor, mas todos) a estar caminhando junto a aqueles que têm necessidades.  Somos todos nós sacerdotes uns dos outros, devendo sempre apoiar, servir, interceder, orar e ministrar uns aos outros. No NT todo cristão é um “diákonos” ou seja; todo crente é um ministro de Deus, de igual responsabilidade perante o serviço.

Mesmo que não hajam fatos relatados, eu gosto de pensar que as palavras de Paulo transformavam as pessoas daquela igreja, crentes que saiam pelas portas de Tessalônica atingindo evangelisticamente outros gregos que não eram convertidos. Uma igreja onde as pessoas se apóiam não pode guardar apenas para si o testemunho do que Deus fez em suas vidas. Pessoas encorajadas e motivadas são excelentes instrumentos de pregação e propagação do Evangelho

Na outra parte do versículo; admoesteis os insubmissos. Penso que realmente seria um grande espanto ver um irmão ou um pastor admoestar outros sem que isso gerasse um grande conflito. Infelizmente as pessoas não estão “preparadas” para serem admoestadas. Duro já é o trabalho do pastor em “administrar” sem admoestar os insubmissos, imagine isso vindo da boca de outro irmão...

O fato é que a igreja tem falhado em cumprir seu papel no que diz respeito a amparar, consolar, admoestar, animar os que necessitam dentro de suas portas, como então ganhar o mundo para Cristo?

Bem, pressupondo que a igreja tem vários graus de maturidade e consequentemente falhas (ou o apóstolo Paulo, não teria citado; “paciência”),  é necessário que tenhamos então a tal paciência e trabalhemos com ela.

Creio que a igreja para cumprir seu papel como luz do mundo precisa antes de tudo crescer em maturidade entendendo os desafios e necessidades dos mais fracos e também necessitados. Se não houver o discernimento do chamado, algo mais acima do que o desejo de nosso próprio umbigo; de nosso bem estar acima de tudo, a igreja local jamais será um elemento de transformação de vidas. Essa transformação começa dentro dela com os irmãos e vai porta afora atingindo o mundo perdido.

Aos que conseguem entender o chamado (e tem coragem), cabe primeiro ministrar aos  irmãos envolvendo se de tal forma com todos na disseminação do amor, carinho, cuidado, apoio e principalmente no ensino reflexivo da Palavra. 
Se conseguirmos, poderemos desta maneira modificar nossa igreja de modo que ela possa alcançar não apenas aqueles que se sentem desamparados, mas também aqueles que estão fora das portas da congregação.

Não é possível uma igreja local alcançar o mundo perdido sendo ela própria perdida em si mesma.

É necessário crescimento e discernimento espiritual para compreendermos, aceitarmos e realizarmos o chamado de Deus para nós e o mundo.


Que possamos diante de um mundo escuro e tenebroso sermos o sal e luz do mundo em nossas casas, congregações, em nossas comunidades e assim sendo fazermos a diferença que irá trazer a mudança nas vidas das pessoas; sejam estes irmãos ou desconhecidos necessitados de Jesus.

Que Deus nos abençoe e nos encha de Graça para que possamos ser instrumentos de seu amor.