**O Pato**
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**O Pato**
Acordei com uma barulheira do lado de fora da janela: passarinhos agitavam-se de um lado para o outro, fazendo “pi piripi, pipiri, pi piripi, piripi.” Não sei ao certo o que estava acontecendo, já que ainda não aprendi a língua dos pardais (suponho que fossem pardais). Também não sei se era uma discussão ou uma conversa amigável, ou quem sabe algum deles estivesse contando como escapou de um gato durante a madrugada. Esse mistério, para mim, permanecerá sem solução.
Embora eu não seja um grande conhecedor de pássaros, algumas coisas sei: eles dormem cedo, comem insetos e migalhas que encontram pelo caminho, se abrigam em lugares seguros quando chove, vivem muito tempo em cativeiro e, o mais importante, parecem levar uma vida sem grandes preocupações.
O que mais me impressiona nos pássaros é a simplicidade da vida que levam!
Claro que enfrentam problemas do cotidiano, como fugir dos gatos, construir ninhos, cuidar dos filhotes, abrigar-se das tempestades e procurar alimento. Contudo, como já disse, esses problemas não parecem ser motivo de grande preocupação para eles.
Jesus disse: “Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?” (Mateus 6:26-30).
Ele nos ensina a aprender com os pássaros e reafirma que somos preciosos aos olhos de Deus. Assim como Deus alimenta e cuida das aves, Ele também cuida de nós, e não precisamos nos preocupar excessivamente com as necessidades básicas.
Mas, já pensou que os pássaros têm uma postura proativa diante dos desafios diários? Quando estão com fome, buscam comida, água, abrigo; não fogem das dificuldades, mas as enfrentam à medida que surgem, sem muita preocupação, como se tivessem uma fé inabalável. É assim que os vejo.
João Gilberto, em sua sabedoria musical (e também observacional), na canção "O Pato", conta que “o pato vinha cantando alegremente e se encontrou com o marreco sorridente, que pediu para entrar no samba”.
Por que um pato canta alegremente ou um marreco sorri e se junta a outras aves para formar um quarteto? (As outras eram o ganso e o cisne.)
A resposta, acredito, está no coração desses bichinhos: eles nada possuem e não se preocupam com o que está fora de seu controle. Por isso, têm tempo e disposição para viver e cantar alegremente.
Essa alegria de viver não está nas posses, na força ou na sabedoria das pessoas de vida simples, mas na fé de que Deus nos guiará, independentemente das dificuldades, seja no frio, na chuva ou no sol. O apóstolo Paulo também sabia "estar contente" em qualquer situação (Filipenses 4:11-13).
Sigamos o conselho de Jesus: não nos deixemos consumir pela ansiedade ou por preocupações com coisas que não podemos controlar. Demos espaço para que Deus aja em nossas vidas. Como as aves, enfrentemos os desafios diários à medida que surgem, lembrando que, para Deus, somos muito mais valiosos do que qualquer pássaro.
Claro, viver dessa forma não é fácil, pois o mundo ao nosso redor muitas vezes obscurece nossa visão espiritual. No entanto, se buscarmos a simplicidade das aves e tivermos fé de que o Criador tem um plano perfeito para nossas vidas, estaremos no caminho certo, cantando alegremente como “o pato”.
Paz e bem, que Deus abençoe a todos!
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